COMO ESCREVER BOAS CENAS

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COMO ESCREVER BOAS CENAS

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Quer criar boas cenas, mas tem alguma dificuldade ou acredita que elas têm um grande potencial, mas que precisam de uma “repaginada”? Vamos ver como você pode transformar as suas cenas garantindo mais intensidade e impacto.

Prefere assistir o conteúdo? O texto do post continua logo abaixo do vídeo.

O processo de escrever uma cena pode demorar poucos minutos ou várias horas dependendo não apenas da quantidade de informação que será colocada ali, mas também com a facilidade do escritor em transferir tudo para o papel.

Acontece que, quando pensamos em criar uma história, é natural imaginar todo um cenário e até alguns acontecimentos importantes, que vão ser descritos em algum momento. Mas, quando a hora chega, fica a dúvida se a cena está atingindo ou não seu potencial máximo.

Como todo o processo de escrita, criar uma boa cena é fruto de muito trabalho, dedicação e empenho para que a sua obra tenha aqueles detalhes e situações que fazem qualquer leitor não querer largar o livro antes de chegar ao seu desfecho.

Para criar boas cenas, é importante conhecer os modos narrativos. Eles não são muito comentados, mas podem mudar completamente a sua escrita e impulsionar a sua obra literária.

Os modos narrativos são as maneiras como você conta uma história. Então, é importante inclui diversos elementos diferentes e usá-los misturados em uma cena.

Geralmente, quem está iniciando a escrita, mescla entre um ou dois modos narrativos, mas acaba deixando os outros de lado. Então, vamos conhecer cada um dos cinco modos narrativos mais importantes da literatura:

1º – Ação

Esse é o modo narrativo onde se compreende que uma história depende dos seus conflitos que geram a ação dos personagens. Quando essa ação não acontece, você fica preso à descrição dos personagens e locais, o que é bacana, mas não faz a história se mover. Ação não é trazer momentos emocionantes, mas trazer movimento. Pode ser o personagem se movendo, conversando ou até dormindo. Tudo que faça a história ir adiante.

2º – Descrição

A descrição é aquele modo que precisa de equilíbrio para não cansar o leitor. Existem muitos autores que são conhecidos por serem extremamente descritivos, consumindo páginas e páginas para falar como um personagem ou local é.

Para escrever boas cenas, o ideal é sempre equilibrar as descrições para que o leitor consiga visualizar tudo o que é essencial, guarde essa informação e não fique cansado.

Uma dica especial de escrita é sempre descrever o personagem usando mais que a descrição comum. Por exemplo, ao invés de dizer que os olhos são azuis, você pode dizer “ele me fulminava com aqueles olhos da cor do céu”, misturando dois modos narrativos: ação e descrição.

Isso da descrição e ação a gente vê bastante na questão do mostrar e não contar. Inclusive você pode ver mais sobre isso nesse post aqui do blog.

3º – O Pensamento ou A Lembrança.

Esse é um modo narrativo que começou a ser usado na literatura do século 20, quando a história também começou a ser descrita de forma interna. Um feito impulsionado por Dostoiévski. Com ele a narrativa se tornou mais psicológica, fazendo a história ganhar camadas e garantindo ao leitor uma nova percepção, descobertas e segredos.

4º – Resumo

Como o próprio nome diz, é o modo narrativo no qual você comprime uma parte da história. Então, ao invés de se estender por um capítulo inteiro, a cena é reduzida a poucas linhas.

Essa tática funciona para fazer a história avançar sem dar muitos detalhes a questões que não são tão relevantes para ela, ajudando-a a fluir melhor.

Por exemplo, se você pensa em criar um Flashback, talvez não precise mostrar todos os detalhes desse passado em uma cena longa, mas pode apresentar o acontecimento em si, em um resumo em poucos parágrafos. Claro, dependendo do peso desse flashback na história.

Por falar em resumo. Você já ocupou páginas e páginas com um longo diálogo?Esse é o quinto modo narrativo.

5º – Diálogo

Ele faz muitos escritores se esquecerem dos outros modos, porque é simples, fácil de ser aplicado e leva movimento à história.

Mas, para fazer uso com sabedoria, você deve mesclar os diálogos com os demais modos, criando camadas de texto, apresentado sutilezas para que o leitor consiga se manter atento e posicionado na história, sem ficar perdido em relação ao tempo ou espaço no qual os personagens estão.

Com os modos vistos, lembre-se que é importante você mesclar entre todas essas estratégias de acordo com a necessidade da cena ou da ideia que quer transmitir.

DICAS PARA BOAS CENAS

Mas fora os modos narrativos, ainda existem outras dicas importantes que você pode incluir para construir boas cenas.

Atenção aos elementos fixos e variáveis

Os elementos fixos são aqueles que não mudam nunca, seja um cenário onde as coisas acontecem ou mesmo uma característica física, comportamental ou psicológica da personagem.

Já os elementos variáveis são aqueles que mudam de acordo com o momento da história, como a passagem do tempo, cheiros, temperaturas, sons e outros.

Existem elementos fixos que, em algum momento da trama, podem se tornar variáveis. Como aquele personagem que sempre está colocando as vontades do outros sobre as próprias e, por algum motivo, acaba mudando isso.

Conflito principal e menores

Entenda qual será o conflito principal da sua história e como ele se desenrola em pequenos conflitos. Por exemplo, imagine que você está escrevendo uma obra do gênero policial e a trama central se desenvolve a partir do assassinato de uma criança de seis anos.

Fora esse conflito, existem segredos a serem revelados, reviravoltas, dúvidas, personagens que vão aparecer, outros que vão embora e assim por diante. Ao longo da obra, o assassinato é investigado, explicado e inicia-se o desfecho, para chegar ao motivo, culpado e assim por diante.

Sendo assim, para escrever uma boa cena, você deve definir esses pequenos conflitos que farão o assassinato ser explicado, quando eles vão acontecer, o que deve acontecer entre os períodos mais importantes e ir mesclando os modos narrativos para falar tudo isso.

Assim você terá bons arcos narrativos que farão suas cenas terem uma unidade e ficarão muito melhores.

Método de Dwight Swain

Nesse método as cenas possuem sempre um objetivo, um conflito e um desastre, enquanto as continuações dessas cenas possuem uma reação, um dilema e uma decisão.

Assim, ele te auxilia na produção das cenas, para que você tenha uma sequência de acontecimentos que precisam ser explicados ao leitor para que ele compreenda todo o arco.

Escritores iniciantes podem aprender muito com o método, principalmente quem tem uma dificuldade maior em desenvolver algumas subtramas, usando sempre o conflito principal para guiar sua história.

Métodos expositivo e de reação

No expositivo você transmite ao leitor todas as informações importantes sobre o local, personagem, motivação, tempo e outros que tenham uma relevância real para tudo que está acontecendo naquele instante.

Já as cenas de reação se referem as tomadas de decisões dos personagens, o que pode ter mudado no espaço/tempo ou com outros personagens e que fazem com que a história siga adiante.

As cenas de reação são aquelas mais profundas, psicológicas e que fazem a obra ter textura atraindo o leitor e envolvendo-o no mundo que você criou.

Para que todas essas cenas fiquem realmente incríveis, o ideal é que você imagine cada uma dentro do livro como uma micro-história que precisa ser desenvolvida e trabalhada com o mesmo cuidado que a trama central.

Desse modo, o leitor vai mergulhar no seu universo, acreditar naquilo que você está dizendo, torcer por um personagem, se identificar, vibrar e até mesmo se emocionar ou ficar completamente chocado com um desfecho.

Eaí, gostou das dicas de como escrever boas cenas? Ficou com alguma dúvida ou quer que eu aborde mais esse tema? Me envie seu comentário aqui embaixo. Uma ótima escrita pra ti! Até mais!

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