COMO ESCREVER POEMA | DICAS, CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇA DE POEMA E POESIA

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COMO ESCREVER POEMA | DICAS, CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇA DE POEMA E POESIA

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Está querendo transformar seus pensamentos e sentimentos em um poema? Mas nesse gênero há tantas vieses e possibilidades que ficamos um pouco perdidos, não é mesmo?

Antes de tudo, é importante explicar a diferença entre poema e poesia. Esses conceitos são muito confundidos, pois muitos acham que são a mesma coisa. Mas não! São conceitos completamente diferentes.

Poesia é uma manifestação artística, e pode ou não estar dentro de um poema. A poesia é um conceito amplo, que pode envolver pinturas, esculturas, literatura e muitas outras formas de arte. Já o poema é um texto literário composto de versos, estrofes e, por vezes, rima.

Resumindo, o poema é texto literário em si. Já a poesia, é um conceito artístico que provoca emoções.
Com isso definido, vamos focar nos tipos, características e estruturas de um. Para começar, temos os líricos. Eles possuem caráter sentimental e subjetivo. Temos como exemplo as estruturas haicai e soneto, que vou explicar mais para frente.

Como exemplo de poema lírico, temos um de Guilherme de Almeira chamado O Poeta.

“Caçador de estrelas.
Chorou: seu olhar voltou
com tantas! Vem vê-las!”

Guilherme de Almeira chamado – O Poeta

Além dos líricos, também temos os épicos. Sua grande característica é a presença de personagens heroicos e podem ser divididos em epopeia e fábula.

Um exemplo muito conhecido de poema épico é o Lusíadas de Luiz Vaz de Camões, que é uma epopeia, porque traz na obra a história de Vasco da Gama e suas aventuras perigosas pelos mares em busca de novas terras, exaltando o heroísmo desta personagem.

“As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.”

Luiz Vaz de Camões – Os Lusíadas

Um outro tipo que temos é o Dramático. Ele geralmente conta uma história, principalmente com o objetivo de ser encenado. Vale destacar que esse tipo de poema não necessita de rimas.

Como poema narrativo, temos um trecho do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

“Fique atento nesta narração
É a história de um cabra-macho
Mas preste bastante atenção
Não tinha sossego no facho
De ninguém era capacho
Só arrumava confusão
O nome dele era João
Grilo era só um apelido
Tinha um grande coração
Chicó era seu melhor amigo
Viviam sempre em perigo
Nessa história de armação”

Ariano Suassuna – Auto da Compadecida

Eaí, sabia que o poema era dividido em três tipos? Me conta aqui nos comentários.

Mas voltando à produção, é importante você saber que ele mantém algumas estruturas e características.

Características do Poema

Como característica temos, em primeiro lugar, os versos. Eles representam cada linha de um poema. Por exemplo, nesse poema de Fabricio Carpinejar podemos ver que são apenas três linhas, ou seja, três versos.

“Liberdade na vida
é ter um amor
para se prender.”

Fabricio Carpinejar

Também temos a estrofe, que é um conjunto de versos, podendo ser dístico, que possuem dois versos; terceto, com três versos; quadra ou quarteto, com quatro versos; quinteto ou quintilha, com cinco versos; sexteto ou sextilha, com seis versos; sétima ou septilha, com sete; oitava, com oito; novena ou nona, com nove; e, finalmente, décima, com dez versos. Se o poema contiver mais que dez versos, tudo bem! Apenas não há classificação para essas estrofes.

Muitos poemas contêm também rimas e métricas. As Rimas são a repetição de um som de um poema. Olha esse trecho do poema Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes.

“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento”

Vinicius de Moraes – Soneto de Fidelidade

Métricas do Poema

Já as métricas são as medidas do verso contadas em sílabas poéticas, ou seja, a quantidade de silabas que constituem os versos de um poema. Inclusive, elas são classificadas conforme essa quantidade de sílabas poéticas. Elas podem ser:

  • Monossílabos, onde se tem versos com uma sílaba poética;
  • Dissílabos, com versos com duas sílabas poéticas;
  • Trissílabos, com três silabas;
  • Tetrassílabo, com quatro sílabas;
  • Pentassílabo, com cinco;
  • Hexassílabo, com seis;
  • Heptassílabo, com sete;
  • Octossílabo, com oito;
  • Eneassílabo, com nove;
  • Decassílabo, com dez sílabas;
  • Hendecassílabo, com onze;
  • Dodecassílabo, com doze sílabas poéticas.

Outra característica importante é a liberdade no uso da palavra. Por exemplo, muitos escritores utilizam como recurso o uso da linguagem figurada, que faz com que as palavras ganhem novos significados e sentidos. Como exemplo esse poema de Manuel Bandeira chamado “Consoada”, que utiliza a palavra indesejada para se referir à morte.

“Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.”

Manuel Bandeira chamado – Consoada

Uma coisa que você deve ter em mente é que as características que falei não são sempre necessárias ou sequer estão presentes sempre. Como já falei em outros posts, você é o dono da obra, então, não se preocupe TANTO em se adequar a qualquer normativa ou regra de escrita.
Mas, com as características vistas, agora podemos falar sobre a estrutura do Poema.

Estrutura do Poema

A estrutura pode ser interna ou externa e ter uma estrutura fixa ou livre.

A estrutura interna corresponde ao conteúdo explorado no poema, como o tema, a linguagem, o discurso, a opinião do autor, o eu-poético, a organização, e assim por diante.

Já a estrutura externa representa a forma do poema, ou seja, os aspectos formais desse gênero literário, como os tipos de versos, de estrofes, rimas, métrica, entre outros.

Além dessas estruturas, temos os poemas fixos e os de forma livre, que não apresentam uma estrutura rígida.

O poema de forma fixa é o mais utilizado pelos poetas. Separei as três formas mais comuns para você conhecer. São elas o soneto, a trova e o haicai, conforme prometi antes.

Soneto

Ele é formado por catorze versos, sendo dois quartetos, ou seja, dois conjuntos de quatro versos e dois tercetos, conjunto de três versos. É importante destacar que cada conjunto de quartetos e tercetos devem rimar entre si. Além disso, todos os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas. Para você conferir o que é um soneto na prática, veja esse soneto.

“Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Camões – Amor é fogo que arde sem se ver

Aposto que você nem sabia que era de Camões, certo?
Agora que vimos o soneto, vamos para a Trova. Ela é formada por uma estrofe com quatro versos com sete sílabas poéticas, ou seja, heptassílabos. São aqueles poemas menores, que começam e terminam em uma única estrofe, mas que não deixam de ser lindos e profundos. Como exemplo temos essa de Fernando Pessoa.

“Se sou alegre ou sou triste?
Francamente, não sei.
A tristeza em que consiste?
Da alegria o que farei?”

Fernando Pessoa

Você tem alguma trova preferida ou escreve as suas? Me deixe ela aqui nos comentários!

Agora, podemos ir para a terceira forma de poema que é o Haicai. Ele tem origem japonesa e é composto por uma única estrofe e três versos, sendo que o primeiro verso deve ter cinco sílabas poéticas; o segundo, sete; e o terceiro, cinco.
O haicai não necessita de rima, mas pode ter. No exemplo dessa forma, eu trouxe o haicai “Arco-íris”, do livro Paisagem Interior de mil novecentos e quarenta e um, da escritora Helena Kolody.

“Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
Que há pouco chorou.”

Helena Kolody – Arco-íris

E aí, essas dicas te ajudaram? Aqui no blog temos outras posts como escrever outros tipos literários também.

E se ficou com alguma dúvida sobre poemas, nos deixe um comentário aqui embaixo. Estamos sempre à disposição para você melhorar cada vez mais a sua produção. Se você quiser ver esse conteúdo em vídeo, conheça o canal da Tellers no Youtube. Uma ótima escrita em versos e rimas, e até o próximo post. Até mais!

E para ver mais posts sobre escrita, acesse nossa categoria aqui no Blog.

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