JORNADA DO HERÓI | COMO USAR E QUAIS SÃO OS 12 PASSOS

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JORNADA DO HERÓI | COMO USAR E QUAIS SÃO OS 12 PASSOS

Jornada do Herói

Você provavelmente já ouviu falar da Jornada do Herói. Se não ouviu, certamente já leu um livro ou viu algum filme que usou essa estrutura na sua história. A Jornada do Herói começou antes dela ter esse nome. Tudo surgiu com o mitologista Joseph Campbell que analisou diversos mitos de diferentes culturas e encontrou um padrão nas histórias que se repetiam. Esse padrão ele chamou de Monomito e foi explicado em sua obra O Herói de Mil Faces.

De acordo com ele, as histórias são compostas de um herói, que é a personagem-chave, que vem de um mundo simples e comum, se aventura em algo surreal ou sobrenatural, enfrenta diversas forças e consegue a sua vitória após passar por diversas dificuldades.

Por se tratar de mitos, por isso que falei sobre as histórias de Prometeu, Buda e Jesus. Diferentes histórias de diferentes culturas.

Para chegarmos até a jornada como a conhecemos, tudo foi graças ao roteirista de Hollywood Cristopher Vogler. Em uma época que a Disney estava passando por dificuldades, ele elaborou um guia com as ideias de Campbell na criação de histórias. Esse documento tinha o nome de “O Guia Prático do Herói de Mil Faces”. Esse guia acabou auxiliando a Disney na criação de suas histórias durante os anos 90.

Mas antes mesmo do sucesso que a Disney teria, Vogler publicou seu estudo de Campbell e seu guia prático no livro A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores. Esse livro foi o marco da criação da Jornada do Herói como a conhecemos. Inclusive, sugiro a leitura dele para todos os escritores.

O Monomito de Campbell define 3 estágios na história divididos em subpartes que completavam 19 divisões.

Já Vogler resumiu o esquema e formou a Jornada do Herói que se usa hoje dividida também em 3 partes (os famosos 3 atos), mas com apenas 12 etapas.

Mas vamos a cada etapa para você entender o fluxo completo da Jornada do Herói.

Iniciamos no Primeiro Ato:

1) O mundo comum

A história do herói começa em seu mundo comum, onde o protagonista é apresentado como uma pessoa normal em seu dia a dia em que nada muito importante ou entusiasmante acontece.

2) O chamado à aventura

O chamado à aventura mexe com o Mundo Comum do herói. Esse chamado pode ser qualquer evento ou missão que tire o herói da sua zona de conforto. É comum que haja uma motivação para que o herói entre na aventura. Talvez algum desejo desconhecido, talvez algo mais físico como proteção própria ou de amigos ou parentes, tentativa de salvar algo ou alguém.

3) A Recusa do chamado

Dificilmente o herói aceita o chamado de primeiro. A sua primeira reação sempre é a negação e a vontade e se manter na zona de conforto no mundo comum. Talvez seja por medo, insegurança ou obrigações na vida cotidiana.

O importante é que seja criado um conflito interno para a tomada de decisão. E essa indecisão não é momentânea. Ela oscila entre a vontade de ir e de ficar com diferentes pensamentos e desejos na cabeça do herói.

E para resolver esse conflito, muitas vezes a história entra na quarta etapa.

4) Encontro com o mentor

Enquanto o herói está indeciso sobre sua missão, entra a figura do mentor, que representa a autoridade e a moral na história e oferece apoio ao herói para enfrentar os desafios que virão ao entrar na aventura.

Assim, é comum que o mentor o auxilie não só incentivando nesse passo de saída do mundo comum, como também dando algum suporte, arma ou treinamento para que ele siga adiante na jornada. O importante aqui é que o herói crie uma confiança em si mesmo para seguir sua missão.

Com isso, vamos para a quinta etapa.

5) A travessia do primeiro limiar

Esse é o momento em que o herói sai do seu mundo comum e vai em busca da aventura. Apesar do nome, esse não precisa ser um momento com uma mudança de cenário. A travessia pode ser interna como com a descoberta de um segredo ou uma nova perspectiva. A travessia do primeiro limiar é um ponto importante na jornada, pois aqui o herói assume seu papel e se desprende da sua antiga vida para encarar os desafios.

A travessia marca também o fim do primeiro ato da história. Já no Segundo Ato temos a sexta etapa da jornada.

6) Provas, aliados e inimigos

Durante uma jornada, diferentes personagens ajudam o herói e outros atrapalham e tentam derrotá-lo. Aqui é onde surgem os obstáculos e contratempos. São pequenas provações que reparam o herói para desafios maiores e fazem ele descobrir quem são seus reais aliados, como pode usar suas habilidades e quem são seus inimigos.

Com esses pequenos obstáculos superados, vamos para a sétima etapa.

7) A Aproximação da caverna secreta

Assim como a saída do mundo comum, a Caverna Secreta não é literal. Ela serve como metáfora para um momento de reclusão da personagem para voltar aos seus questionamentos iniciais. Essa tende a ser uma parte introspectiva da história que cria uma tensão com o herói analisando seus próprios dilemas internos, enfrentando dúvidas e medos.

Com as energias canalizadas após o momento de reclusão, vamos para a oitava etapa.

8) A Provação

Aqui ocorre o desafio mais difícil da jornada do herói. O protagonista passa por uma batalha física ou psicológica que o transforma e o leva ao limite. É comum enfrentar um inimigo muito poderoso ou passar por um conflito interior avassalador, que abala profundamente seu estado físico e mental.

Inclusive, internamente, esse momento corresponde à sua transformação absoluta. Nos estudos de mitos vemos a provação simbolizada como a morte e ressureição do herói.

Com a transformação do herói, chegou a hora da busca pela sua Recompensa. Essa é a nona etapa da sua jornada.

9) Recompensa

Esse prêmio pode ser um objeto, uma reconciliação, uma habilidade, um estado de espírito…Qualquer prêmio que o herói desejar durante sua trajetória.

Mas calma que essa é apenas a nona etapa. Aqui finaliza o segundo ato da história apenas. Temos muito ainda para contar.

Antes de irmos para o terceiro ato, aproveita e curte o vídeo e se inscreve no canal. Assim podemos falar de escrita toda semana!

Segundo ato finalizado, agora é o momento do herói voltar transformado para o Mundo Comum. Ele não é apenas alguém vivendo sua vida normal, ele está diferente.

Para esse retorno temos o décimo estágio da jornada.

10) O caminho de volta

Voltar vitorioso para casa deve ser muito bom, né? Esse retorno normalmente acompanha reflexões sobre a experiência vivida, e o herói é tomado por um sentimento de missão cumprida. Inclusive é capaz que ele ainda tenha mais algumas tarefas como escolher entre realizar objetivos pessoais ou coletivos antes de chegar ao seu novo lar como pessoa transformada.

Mas nas histórias uma coisa é certa: quando tudo parece em ordem, algo está para acontecer.

É aí que chegamos na décima primeira etapa.

11) A ressurreição

Esse estágio é o clímax da jornada do herói. Lembra daquele inimigo que foi vencido na Provação? Então, na verdade ele não estava morto. E o pior, ele voltou para uma última batalha épica.

Essa etapa coloca uma gigante responsabilidade no herói, pois com todos pensando que a batalha terminou, perder essa última luta pode colocar todos em perigo.

Então, acaba sendo a provação final para o seu renascimento para a nova vida que ele terá como herói.

Passado esse mau bocado, o inimigo foi derrotado e chegamos a décima segunda e última etapa da jornada.

12) O retorno com o elixir

Agora sim tudo está acabado e o herói teu seu reconhecimento definitivo e ele é uma nova pessoa transformada.

O elixir em questão, como muita coisa na jornada do herói, é uma metáfora que normalmente aparece como uma lição aprendida ou até mesmo a salvação de um povo ou de seu grupo. Às vezes pode ser simbolizado também por algum objeto que o herói leva para casa ao fim da aventura.

Com as 12 etapas vistas preciso dizer mais uma coisa importante. A Jornada do Herói não é uma estrutura fixa que você deve seguir a risca para criar o seu livro. Apesar de poder ser usada sim como um guia para uma história bem estruturada, você não é obrigado a colocar as 12 etapas na sua história para ela ser considerada uma boa história. Esse é apenas um modelo de estrutura que pode ajudá-lo a desenvolver melhor a sua trama.

O importante é que você conheça a Jornada e saiba como utilizá-la para poder retirar o que de melhor ela para a sua narrativa. Eu gosto de dizer que estruturas existem para serem quebradas. Mas só podemos quebrá-las assim que as conhecemos. Antes disso apenas atiramos no escuro com base numa suposta liberdade criativa.

Lembre-se que muitos dos mitos que foram criados usando essa estrutura eram de culturas diferentes. Ou seja, essa história se aproxima de uma vertente de empatia com o nosso psicológico. Então, se quiser, aproveite na sua história. Mas caso não queira, simplesmente escreva. Você é o dono da sua história e pode fazer com ela o que quiser. O importante é nunca parar de escrever!

E se quiser que eu te ajude nessa sua jornada de escrita, conheça o Curso de Escrita Literária. Vamos construir juntos uma carreira mais sólida para a sua escrita.

E se tiver qualquer dúvida sobre a jornada do herói, deixe um comentário aqui embaixo! Te vejo no próximo post ou no curso de escrita literária. Até mais!

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