Quantas vezes você ficou apaixonado pela capa e detalhes visuais de um livro? Várias né? Um livro bem trabalhado chama muita atenção. Então, vamos ver uma das principais partes desse projeto, que é a diagramação de livro.
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Depois de terminarmos uma história, ou mesmo antes disso, já vem aquela vontade de ver o texto todo bonitinho diagramado na página, não é? Então, é importante a gente saber como fazer uma boa diagramação ou pelo menos reconhecer uma.
DIAGRAMAÇÃO DE LIVRO E PROJETO GRÁFICO
O projeto gráfico é o que faz a gente se apaixonar. Ele é o conjunto visual da obra: a capa, tipo e gramatura de papel, ilustrações, tipografia, elementos gráficos e, claro, a diagramação.
Mas então, o que, exatamente é a diagramação de livro? Muitos acham que é apenas pegar o texto e ajustar na página, mas uma boa diagramação vai um pouco além disso.
OBJETIVO DA DIAGRAMAÇÃO DE LIVRO
O principal objetivo da diagramação de livro é distribuir harmonicamente o conteúdo planejado e desenvolvido no projeto gráfico, além claro, do texto do autor. O trabalho é extremamente importante para que o design criado possua equilíbrio e seja bem interpretado da maneira certa pelo leitor.
Não sei se vocês já leram Cujo de Stephen King, mas ele é um ótimo exemplo de diagramação. A história de cerca de 320 páginas não é dividida em capítulos e isso foi uma decisão posterior à escrita do autor. Na edição da Suma tem uma entrevista com o King e ele fala sobre o assunto:
“Não, Cujo era um livro normal em capítulos quando foi concebido. Mas eu me lembro de pensar que queria que o livro atingisse o leitor como se fosse um tijolo jogado pela janela.”
Stephen King
Ele não deixa claro se a ideia de tirar os capítulos foi dele ou da equipe de design, mas o que importa é que apenas fazendo essa mudança, ele conseguiu uma experiência totalmente diferente para o leitor. Esse é o poder da diagramação.
Na diagramação de livros há alguns elementos básicos para se pensar mesmo que você faça por si mesmo esse projeto.
A PUBLICAÇÃO É IMPRESSA OU EEBOK?
Eu não tenho como não iniciar com esse tópico, pois se você irá publicar apenas como ebook em uma plataforma específica, veja como é feita essa publicação. Por exemplo, se sua intenção é publicar no Wattpad, você não precisa diagramar nada, pois você apenas irá publicar seus capítulos dentro do próprio site como em um blog. A mesma coisa se aplica a outros sites como Sweek ou o próprio Medium.
Nesses sites, a única coisa que você terá que fazer na área de design é a capa para atrair público.
Já se você quiser publicar na Amazon, o KDP (Kindle Direct Publishing) tem um sistema próprio de diagramação, então não adiantaria você criar todo um projeto fora desse sistema.
Por outro lado, se a intenção é mandar para impressão, ou mesmo para distribuir como .pdf, criar uma boa diagramação é essencial.
Se você quiser aprender a diagramar seu livro impresso com um passo a passo guiado, conheça o Curso Prático de Diagramação de Livros da Tellers.
Com isso definido, a primeira coisa que se deve pensar é no…
TAMANHO DO LIVRO
O tamanho mais tradicional de livros de ficção e não ficção é 148 por 210 milímetros, o famoso A5. Com ele temos o 160 por 230. Além desses, temos as versões Pocket que tem, normalmente, duas dimensões: 125 por 180 ou 110 por 180. Já se você escreve para o público infantil, os livros quadrados são muito comuns, eles normalmente têm o tamanho de 200 por 200.
Depois do tamanho, tem um item, ou um grupo de itens, que costuma ser um erro comum de escritores que diagramam suas próprias publicações.
FALTA DE AR NA PÁGINA
Ar na página significa não colocar muito conteúdo (texto ou elementos) e fazer com que a página fique sobrecarregada.
O espaço em branco é importante para dar um descanso para a leitor e facilitar com que ele processe o que está lendo com uma página mais leve.
Para se dar ar na página há dois elementos essenciais:
MARGEM E ESPAÇAMENTO
Além de trazer uma harmonia para página e facilitar a leitura, as margens também servem de precaução para que você não coloque conteúdo próximo demais às bordas da página e algum corte da gráfica acabe podando partes dos parágrafos.
Existem diversas maneiras de se pensar margens através de estudos de grids. Podemos usar margens com valores crescentes, espelhados, iguais, e assim por diante. Grid é um assunto que gera livros e livros de design, então não vou entrar nesse assunto específico, mas consigo passar alguns dos valores mais comuns de acordo com o tamanho de página que você decidiu usar em seu livro.
- Para livros A5 o comum é margem superior e inferior de 2,54cm e laterais de 1,91cm.
- Para livros Pocket a margem superior e inferior fica com 1,50 cm e as laterais com 1,20cm.
- Já para livros Quadrados, a margem superior e inferior volta a ter 2,54cm como o A5, mas as laterais também mantêm esse valor de 2,54cm.
Lembrando que esses não são números fixos e um bom projeto gráfico pode alterá-los sem problemas.
Outro grid MUITO usado é o crescente. Ele é indicado, principalmente, para livros impressos, ok?
GRID CRESCENTE
Nele, a margem lateral interna tem 1 unidade, a superior 1 unidade e meia, a lateral externa 2 unidades e a inferior 3 unidades. Aqui a unidade pode ser centímetro, milímetro, como você quiser trabalhar. E pode ter o tamanho que você quiser, a intenção é manter a escala de crescimento sempre com base na margem lateral interna.
Mas eu falei que esse grid era usado principalmente para impresso. Mas por que isso? Se você colocar essa estrutura em uma página de word, você poderá achar que o grid está “torto” ou descentralizado, e isso pode irritar muita gente, que eu sei.
Já se você colocar em um livro impresso, você percebe que as duas margens internas formam o tamanho da margem externa de 2 pontos. Então o conteúdo acaba ficando mais harmônico quando usado para impressão.
ESPAÇAMENTO ENTRELINHAS
A entrelinha ajuda os leitores a conectarem uma linha de palavras com a linha seguinte. Então esse espaço precisa ser ajustado para mudar a experiência do leitor com o texto.
Cyrus Highsmith, autor do livro ‘Entre Parágrafo’ diz:
“O excesso de entrelinha pode dificultar a conexão dos pensamentos de uma linha aos pensamentos da linha seguinte. Já a falta de entrelinha pode dificultar ao leitor acompanhar as linhas do texto. No meio de uma linha, seus olhos podem escorregar para a linha de baixo. O leitor também pode se perder no percurso de volta do final para o início da próxima. Em uma coluna estreita, onde os olhos não precisam voltar tanto, não é preciso muito espaço entre as linhas. Em colunas mais largas, um pouco de espaço adicional entre as linhas pode facilitar aos leitores acompanhá-las.”
Cyrus Highsmith
É bastante informação, certo? O que eu quero dizer é que não há regra correta sobre o espaçamento entrelinhas, mas você deve casar o espaço selecionado pelo tamanho da fonte e margens usadas.
Um teste que você pode fazer é escrever um parágrafo de seis linhas e copiá-lo 3 vezes em uma página. Faça isso em 3 páginas. Você terá 9 parágrafos. Mantenha o mesmo formato de página, mesma margem, fonte e tamanho nas letras, mas altere o entrelinhas em cada parágrafo. Assim você poderá observar qual dá a maior legibilidade e conforto. Minha sugestão é que, se puder, imprima essas páginas, pois conseguirá fazer uma avaliação melhor do texto.
Nessa questão de construção de parágrafos e experiência de leitura temos também outro item essencial:
FONTE OU TIPOGRAFIA
Se você tem um livro, editora ou coleção que goste muito e lembra de ter tido uma boa leitura, a primeira coisa que você pode fazer é analisar esse livro. A maioria traz identificado ao fim do livro o tipo de papel que o livro foi impresso e também a tipografia utilizada.
Uma característica que você irá perceber é que todas as fontes citadas são fontes com serifa.
Serifa é o padrão de hastes e prolongamento das letras em seu final. Fontes com serifas existem desde a invenção da imprensa e esse detalhe é importantíssimo para o seu livro.
Esse tipo de letra é a preferida dos materiais impressos de leitura longa os como livros, pois a serifa dá um aspecto de continuidade, que ajuda o cérebro a definir mais rapidamente as palavras e cansa menos o olhar durante a leitura.
Com isso, podemos citar algumas fontes que são mais utilizadas na impressão de livros e que você pode ficar atento para usar na sua e fugir um pouco da famosa Times New Roman, que certamente é a letra serifada mais conhecida do mundo.
Minha sugestão de fontes é a Garamond (que é a minha favorita, e é muito usada pela Suma de Letras em livros do Stpehen King que eu leio), a Baskerville (que além de bonita sempre me faz lembrar de Sherlock Holmes com o livro “O cão dos Baskervilles”, apesar de não ter nenhuma relação com isso), além dessas temos a Book Antiqua, a Georgia e a Caslon.
Por fim, os últimos elementos que compõe as páginas do livro.
ELEMENTOS DO RODAPÉ E CABEÇALHO
É comum que a numeração da página fique no rodapé. Ela pode estar centralizada, o no lado externo da página, ficando à esquerda em páginas pares e à direita em páginas ímpares. Mas nada impede também que você inclua a numeração no cabeçalho.
Às vezes livros nem tem cabeçalhos, ele é totalmente opcional. Quando se utilizam, é comum que uma página leve o título do livro e a outra o nome do autor ou subtítulo do livro; caso ele tenha algum.
Fora cabeçalhos e rodapés, as páginas podem ter divisores de capítulos, caso o autor opte por uma divisão dentro dele. Essa divisão por de ser feito por algum símbolo da própria história, ou por asteriscos. Eu vejo bastante o uso de asteriscos, e às vezes são usados três em sequência, ou apenas um, sendo um pouco maior que o tamanho da letra usada no texto.
Com todos esses elementos e cuidados você consegue criar uma boa diagramação para deixar seu livro ainda mais atrativo, imersivo e confortável para o seu leitor.
Ficou alguma dúvida sobre diagramação de livro? Me conta aqui nos comentários. Aproveita e me conta também se você faz sua própria diagramação e qual programa está usando.
Te vejo no próximo post e uma ótimoa escrita!
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Amei o post. Super generoso na quantidade de info. grata!
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Há alguma dica especial para livro técnico?
Cláudio, tens que ver se o livro tem alguma regra da ABNT a ser usada na diagramação. Fora isso, aí depende do livro, público e conteúdo mesmo.