Você costuma escrever suas histórias no presente ou passado? Já pensou como escolher um tempo verbal ou outro altera o formato com o qual as coisas acontecem na narrativa?
Pensa comigo. Em uma história escrita no passado e em primeira pessoa. É possível matar a personagem que está narrando?
Na teoria sim, mas se você não planejou a história com essa morte e a personagem se surpreendia com as coisas que aconteciam durante a trama. Se ela está escrevendo no passado e morreu, quer dizer que quem narra o livro está morto. Então como poderia ser surpreendida? Parece não encaixar, certo?
Esse exemplo eu dou para meus alunos no curso de escrita e aviso para eles terem cuidado nesses detalhes. Inclusive eu sempre sugiro escrever em terceira pessoa como falei no post sobre Pontos de Vista e Tipos de narrador.
Mas o tema aqui é passado e presente. Então vamos começar pelo passado para você não ter um narrador morto sem querer.
PASSADO
Eu, particularmente, gosto de escrever no passado. Com ele você parecer ter mais liberdade ao narrar, pois o narrador sabe o que acontece, como se ele viesse do futuro. Isso facilita que o narrador conte detalhes sobre o universo e personagens e facilita questões como Foreshadowing e falsas pistas, por exemplo.
Claro que isso tem muita relação com qual tipo de narrador você usa, mas o tempo verbal é parceiro sempre.
Mas tanto o narrador em primeira quanto em terceira pessoa podem usar o passado para fazer reflexões e adiantar informações.
Um exemplo é quando o narrador fala algo como “Ela apertou o gatilho sem pensar, mas logo descobriria as consequências dessa última bala”.
Um trecho assim mostra que o narrador já sabe o que está por vir adiantando uma reação da personagem, ajudando na antecipação de expectativa do leitor.
Esses detalhes que me fazem gostar tanto de usar o passado em minhas histórias.
PRESENTE
Assim como o passado tem suas vantagens, o presente também tem.
Ele é muito legal de usar para trabalhar a descoberta da história. Tanto pelo leitor quanto pela personagem.
No passado o narrador gera expectativa, pois sabe o que virá. Então no presente, a surpresa é a grande arma, pois a história acontece pouco a pouco. Cada passo gera uma tensão diferente rumo ao desconhecido.
Apesar dos benefícios e características de cada um, não existe um certo e errado para usar durante a história. Há momentos que talvez não seja sugerido usar determinado tempo verbal como no exemplo á da personagem morta narrando no passado.
Mas mesmo nesse caso, talvez fizesse sentido na sua história. E isso que é importante. Fazer sentido para o seu universo e que dê a melhor experiência de leitura para o leitor.
ÚLTIMO CUIDADO COM O TEMPO VERBAL
Um último cuidado que você deve ter na escrita em relação ao tempo verbal é nunca misturá-los.
Fazer isso vai desnortear o leitor e ele provavelmente vai se perder sobre quem está narrando ou se teve alguma quebra temporal, ou apenas ficar indo e vindo em parágrafos que não entendeu.
Mas é bom lembrar que não é possível ter dois tempos verbais dentro da mesma história sim. O importante é fazer o leitor entender o motivo disso acontecer.
Quando uma personagem conta uma história dentro do livro, você pode criar um capítulo ou uma divisão que altere o narrador e o ponto de vista sem problemas. Se bem feito, com certeza o leitor entenderá.
Eaí, qual o tempo verbal que você prefere escrever suas histórias? Me conta aqui nos comentários. Se quiser, me envie um trecho da sua história para eu ver como você está usando!
E se você quiser melhorar ainda mais como escritor, conheça o Curso de Escrita Literária.
Te vejo no próximo post ou lá no curso de escrita. Até mais!